Celso Araújo - 12 Nov. 2001
Celso Araújo - Como foi mesmo o ponto de partida em sua concepção do Teatro Nacional? A pirâmide veio antes da encomenda ou na própria inquietação para resolver o problema? Oscar Niemeyer - Eram dois teatros a projetar e isso explica a solução adotada. CA - Em que circunstâncias o senhor desenhou? É verdade que o desenho foi feito em três dias de carnaval? Em Brasília mesmo ou no Rio? ON - Em Brasília. Tudo foi feito a correr. Elaborei o projeto durante um carnaval. No dia seguinte, convoquei um especialista em acústica da Alemanha, Lother Cremer, que uma semana depois já estava em Brasília nos atendendo. CA - E o fato de todos identificarem como uma pirâmide asteca, é correto do ponto de vista arquitetônico? ON - É engraçado. Em arquitetura, qualquer forma que corresponda às funções internas é adequada e, quando ela cria surpresa, e os leigos dela se ocupam curiosos, melhor ainda. O espanto faz parte da boa arquitetura. Quando foi construído o teatro que elaborei para o Espaço Oscar Niemeyer no Havre, França, ninguém me indagou sobre a razão da forma adotada. De acústica, muito menos. E quando o ministro da Cultura da França, Jacques Lang, compareceu à inauguração, como o elogiou!
CA - O engenheiro e poeta Joaquim Cardozo foi o projetista. Quais foram os desafios impostos a ele nessa obra? ON - Nenhum. CA - O senhor acompanhou alguma fase das obras? O que sentia? ON - Tranquilamente. Como não existia um programa, e a obra caminhava mais rapidamente do que o usual, previ para os serviços anexos do Teatro Nacional espaços tão generosos que sabia neles ser possível acomodar até os programas mais complexos. CA - Além do Teatro Nacional, construiu outros teatros pelo mundo? ON - Projetei e construí muitos teatros e auditórios. Na França, na Itália, na Argélia e no Brasil. Construídos e de maior vulto foram o grande teatro do Espaço Oscar Niemeyer, no Havre, e o de Brasília, realizado 40 anos atrás. Em Araras, interior de São Paulo, projetei e foi realizado um teatro mais modesto, mas que dizem funcionar bem. Agora tenho em construção dois teatros diferentes, com o palco abrindo também para o exterior, uma novidade que dará aos teatros um sentido mais popular que me agrada particularmente. CA - O Teatro Nacional se insere no seu grande projeto chamado Conjunto Cultural da República ou deve ser considerado à parte? ON - Integra-se no que chamamos Conjunto Cultura da República e vai completar todo o complexo arquitetônico do centro do Plano Piloto de Brasília. CA - O senhor chegou a assistir a algum espetáculo nesse teatro? Tecnicamente, reclama-se da acústica da Villa-Lobos. Tem solução? ON - Sim. Quando se projeta um teatro é com os técnicos especializados que se trabalha. E, como disse, o técnico incumbido de sua acústica era, naquela época, o mais credenciado na Alemanha. Mas o problema é complexo, e sempre fui a favor – quando sugerem – de que outros sejam, se necessário, convocados. A técnica está sempre evoluindo, e com relação à acústica deve acontecer o mesmo. No teatro que projetei para Araras, nunca ouvi críticas nesse sentido. |
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