Flavio R. Cavalcanti - Set. 2013
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JK: Memorial do Exílio
Carlos Heitor Cony
Edições Bloch, Rio de Janeiro, 1982
188 páginas
Prefácio de Jorge Amado
Este livro integra ou fecha o projeto editorial das Memórias de JK:
O quarto volume Por que construí Brasília condensa, em parte, os três primeiros.
JK chegou a ver publicados apenas o primeiro e o quarto volumes. Os outros dois, só foram publicados após sua morte.
Nesses quatro volumes, JK limitou sua autobiografia somente até 31 de Janeiro de 1961, quando entregou a faixa presidencial ao sucessor regularmente eleito pelo voto popular.
Escrita numa época de censura, a autobiografia de JK não incluiu o longo período que se seguiu: a senatória por Goiás, a crise da renúncia de Jânio Quadros, a fase parlamentarista, o governo de João Goulart, o movimento de 1964, a cassação de seu mandato e a suspensão de seus direitos políticos, os dias de exílio, os IPMs a que respondeu, a prisão em Dezembro de 1968, a sua participação na atividade privada [Prefácio do Autor, p. XIII-XVI].
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Este quinto volume JK: Memorial do Exílio abrange o período que vai da transmissão do cargo a Jânio Quadros, em 31 Jan. 1961, até sua morte, em 22 Ago. 1976.
Ao contrário dos volumes anteriores, onde JK [auxiliado por Caio de Freitas] fala, na primeira pessoa, aqui é o jornalista, cronista, escritor Carlos Heitor Cony quem fala, de modo inconfundível e contundente [com a colaboração de Alfredo C. Machado; e o trabalho de Carlos Roberto de Souza e Carlos Affonso de Lima nas pesquisas e na produção do livro].
A produção fundamental, porém, seguiu as mesmas linhas, do primeiro ao último volume da série: o próprio JK, instigado por Adolpho Bloch, e partindo de seus arquivos pessoais, redigiu as memórias.
Na revista Manchete, onde lhe foi reservado um escritório, o ex-presidente envolveu-se cada vez mais no ambiente jornalístico, nos trabalhos e discussões. Ao morrer, levava consigo um livro, cuja resenha deveria escrever para a revista.
Cony só veio a conhecer JK, pessoalmente, após ambos deixarem, separadamente, a prisão, em 1968.
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Mais tarde, a intimidade de tarefas comuns, a convivência diária nos últimos anos de sua vida, alguns momentos de alegria e tristeza compartilhados tudo isso nos tornaria amigos e íntimos [Prefácio do Autor, p. XIII-XVI].
Como resultado dessa convivência e na impossibilidade de JK escrever o final de sua biografia, ficou acertado entre ele, Bloch e Cony que a este caberia escrever o último volume.
Para este volume cujo título seria Mil dias de exílio, referência a três anos vividos no exterior, JK passou a redigir um diário, além de notas e rascunhos, parcialmente sistematizados por ele mesmo. Como Caio de Freitas, colaborador dos livros anteriores, já se encontrava adoentado, Cony passou a ajudá-lo na tarefa. Parte desse material exceto o diário, entregue à família, ficou em poder de seu editor Adolpho Bloch.
O trabalho passou a ser cobrado por Bloch após a morte de JK, e foi publicado originalmente em capítulos semanais, na revista Manchete.
No primeiro subperíodo, de 1961 a 1964, quando JK ainda era, na plenitude, um homem público, participante ativo da vida nacional Cony colocou maior ênfase no painel político da época.
Daí por diante, de perda em perda, o que emerge é, cada vez mais, o próprio JK, à medida que os trancos da vida pública foram desbastando essa personalidade.
Adolpho Bloch cita, de passagem, as tentativas dos amigos de JK de ajudá-lo a estabelecer um escritório comercial, na Europa ou nos Estados Unidos, que lhe permitisse obter meios de sobrevivência, nos anos de exílio.
“Achei graça disso tudo”, diz Bloch. Em sua opinião, JK deveria dedicar-se a escrever suas memórias. “Eu insistia. E o entusiasmo se apoderou dele. As páginas começaram a surgir às centenas. O presidente lia e relia os trechos. Quando recebia provas para a revisão, ficava feliz”.
Quando JK começou a reunir material para o quinto volume, cujo título seria “Mil dias de exílio”, Carlos Heitor Cony passou a ajudá-lo. “JK nele confiava. E com ele deixava apontamentos para que Cony, mais tarde, escrevesse o último volume da série” [“Orelhas”].
Edward Riedinger situa “Meu caminho para Brasília”, 3 vols., em “1975-1978”, e acrescenta alguns detalhes em seu depoimento:
“O terceiro volume das memórias de Kubitschek, “Cinquenta anos em cinco”, foi organizada pelo romancista e jornalista Carlos Heitor Cony. Em uma entrevista com o autor (Rio de Janeiro, 7 Out. 1977), Cony explicou que a pesquisa e a redação das memórias tinham sido feitas pelo dr. Caio de Freitas, antigo assessor do ex-presidente. Uma vez compilado o material, o dr. Freitas consultou Kubitschek a respeito de adições, modificações e eliminações de partes do texto.
“As memórias começaram a ser publicadas em 1975 em apoio à candidatura Kubitschek à Academia Brasileira de Letras. A fim de não provocar personalidades dentro do governo militar da época, as memórias não traçam retratos ofensivos de figuras militares ou simpatizantes civis do governo. Consequentemente, denotam muito pouca irritação com a oposição movida contra Kubitschek por oficiais como Dutra, Canrobert e Távora. Compensando esta moderação, mostram-se inteiramente críticas em relação a civis como Café Filho. Uma consequência irônica dessa ênfase é dar a Café Filho uma aparência de força e decisão que ele realmente não tinha.
“As memórias de Kubitschek têm um aspecto em comum com as de Juarez Távora. Ambos geralmente atenuam os fatos quando mencionam qualquer iniciativa própria referente à atividade política, alegando que tais investidas foram estimuladas por amigos e correligionários. Diferentemente das de Juarez, porém, as memórias de Kubitschek refletem constantemente sua energia. Juarez, ao contrário, refere-se invariavelmente à sua fadiga mental, à necessidade de repouso e solidão. Café Filho, em suas memórias, ao invés de tentar minimizar o seu papel, geralmente procura mostrar que estava realmente no centro das decisões e atividades, e não manipulado pelos militares e pelas figuras da UDN que o rodeavam” [Riedinger: Como se faz um presidente].
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