braziliense: Brasília, Brasil
Brasília: o mito na trajetória da Nação
Flavio R. Cavalcanti - 9 Ago. 2014
Brasília: o mito na trajetória da Nação
Márcio de Oliveira
Paralelo 15 / Câmara Legislativa do DF
Brasília, 2005
O mito central nesse estudo, resultado de pesquisa para defesa de tese de doutoramento na Sorbonne, povoou o ideário de gerações de intelectuais e políticos brasileiros: a reiterada constatação de que o Brasil era um país sem povo (por exemplo), ou de que ainda não era uma nação, entre outras variações do mesmo tema. Admitida tal premissa, cada pensador ou político propôs seu caminho para forjar o povo brasileiro, para tornar o país uma nação de verdade, e assim por diante:
“Tratava-se de um tipo de análise que considerava o Brasil, visto sempre de uma maneira geral, como uma nação em formação, sem povo, sem identidade, inacabada e incompleta”.
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Capa do livro “Brasília: o mito na trajetória da Nação”, de Márcio de Oliveira
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Não se trata de “provar” ou rejeitar, seja a premissa geral, sejam as inúmeras propostas para “construir” a nação, mas de investigar a contribuição do “mito”, — amplamente difundido no imaginário brasileiro, — para o êxito da tarefa quase impossível que o presidente Juscelino Kubitschek se dispôs a realizar, de implantar Brasília “no meio do nada” e nela instalar o governo do país, no curtíssimo prazo de 3 anos e 10 meses.
“Observava sempre o tempo que levavam para construir um único edifício: entre dois e três anos. Achava normal o tempo despendido em função do trabalho que via dia-a-dia ser realizado. Dois a três anos. Talvez tenham sido aquelas imagens dos tempos de infância que me levaram a tentar compreender como tinha sido possível para um país ainda pouco industrializado, como aquele Brasil dos anos 1950, construir uma cidade, uma capital, no exíguo prazo de 3 anos e 10 meses”.
Retoma e aprofunda a linha esboçada por Vânia Maria Losada Moreira em “Brasília: a construção da nacionalidade: um meio para muitos fins”, da insuficiência de cada uma das principais “explicações” da construção de Brasília, — a da “capital da geopolítica”, a do “nacional desenvolvimentismo”, a da “capital do autoritarismo” etc., — em favor da capacidade do “mito” para aglutinar as mais diversas tendências e interesses.
De passagem, oferece um dos mais completos panoramas dos “esquemas explicativos” de Brasília e respectiva bibliografia.
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Capítulo 1
- Os anos JK
- O programa de metas
- O contexto social, econômico e político
- Juscelino Kubitschek de Oliveira
- O presidente JK e Brasília
Capítulo 2
- A nova capital: o cenário e a história
- O Planalto Central
- O passado de um mito: histórico das ideias sobre mudança da capital
- Um parêntesis sobre a questão militar
Capítulo 3
- A arquitetura e o mito
- Le Corbusier e o Brasil
- Lúcio Costa e Oscar Niemeyer
- A cidade, o mito e os arquitetos
Capítulo 4
- Brasília e o mito da nação
- O mito de cimento
- 1956: O mito no poder
- 1957: O mito se move
- 1958: As primeiras inaugurações da cidade-mito
- 1959: A cidade-mito a pleno vapor
- 1960: A cidade-mito inaugurada
- Passos da inauguração
- Os candangos, os pioneiros e a cidade: o mito no canteiro de obras
Conclusões
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