Cidades satélites de Brasília
e Entorno do Distrito Federal
Águas Claras
Flavio R. Cavalcanti
Foi a primeira cidade satélite planejada visando um padrão
mais elevado de qualidade de vida e a ser entregue à
iniciativa privada para ser concretizada.
Já nasceu a dois passos de uma universidade particular
(a Católica), de um hospital particular (Unimed), e do
equipamento urbano proporcionado pelas áreas mais desenvolvidas
de Taguatinga.
Ao contrário do padrão vivido pelas cidades satélites
dos pioneiros candangos, a infraestrutura de Águas Claras
demorou menos do que os prédios — a começar pelo
Metrô,
com três estações; as ruas asfaltadas antecipadamente;
e até parque para caminhadas, valorizando as projeções
já vendidas para prédios comerciais e residenciais
— verdadeiros condomínios verticais com gabarito de até
14 andares.
Com tudo isso, os prédios residenciais demoraram a povoar
a cidade, e só ao final de quase duas décadas atraiu
investimentos significativos em centros comerciais.
A apatia da iniciativa privada de longa data na posse
dos terrenos, adquiridos muito antes da valorização
induzida nos anos seguintes pelos investimentos públicos
fez com que, a certa altura, se lançassem balões
de ensaio visando dar um empurrãozinho extra.
Na primeira metade da década de 2000, ensaiou-se o projeto
de transferir para Águas Claras o governo do Distrito Federal
(GDF), com todos os seus órgãos principais. Entre
as justificativas apresentadas, constava não só
o interesse em acelerar a valorização da cidade
(com a valorização imobiliária implícita),
mas também o desespero de dar maior utilização
ao Metrô.
Sem estações ao longo da Asa Sul (exceto a da
114) e sem conseguir avançar além da Praça
do Relógio, o Metrô DF amargou elevados prejuízos
mensais por mais de uma década. A economia de horários
(folha de pessoal) também não ajudava a torná-lo
útil os trens paravam muito antes da saída
dos cursos noturnos, e não funcionavam nos finais de semana.
|