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Cidades satélites de Brasília
e Entorno do Distrito Federal
Sobradinho
Flavio R. Cavalcanti
Uma das primeiras cidades satélites criadas — juntamente
com o Gama, logo após Taguatinga —, tem características
típicas do planejamento inicial de Brasília: ruas
largas, lotes de 350 e 525 m² com acesso pelos fundos; e
frente (sem muros) para amplas áreas verdes. O padrão
inicial dos prédios de comércio local também
se voltava para o (futuro) gramado das quadras residenciais.
Esse padrão foi totalmente abandonado na criação
de Sobradinho II — lotes exíguos, ruas apertadas.
O padrão de lotes de 525 m² manteve-se no Setor de
Mansões de Sobradinho, assim como na sucessão de
condomínios irregulares (muitos em fase de regularização)
que na prática estenderam a cidade até o Contorno
da bacia do Paranoá, e em alguns casos avançam dentro
dela. Nos condomínios, porém, os lotes dão
frente para as ruas, que são estreitas e ladeadas por muros
altos; praticamente não têm áreas verdes,
e o equipamento urbano (quando existe) fica do lado de fora.
A maioria dos lotes de Sobradinho (I) foram entregues demarcados,
"no barro"; e a urbanização demorou mais
de uma década — como na maioria das cidades satélites
—, exceto pelo asfalto na via principal (da primeira entrada até
o balão no final da Quadra 8; e dele até as proximidades
da Rodoviária de Sobradinho).
A SHIS (Sociedade de Habitação de Interesse Social)
construiu e entregou apenas as casas junto à via principal.
Essas casas têm lotes menores, com ampla calçada
junto à via de acesso pelos fundos — sugerindo posturas
que não foram seguidas nos demais conjuntos, de "B"
a G", onde as calçadas são estreitas.
Na Quadra 2, que se estende por dois quilômetros, alguns
conjuntos de casas simples (lotes de 360 e 240 m²) e geminadas
(lotes de 120 m²) foram construídas e entregues —
também "no barro" — pelo Banco do Brasil, Caixa
Econômica etc. a seus funcionários.
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Origem
Segundo L.
Fernando Tamanini, a pressão que forçou
à criação apressada de Taguatinga deu
origem ao planejamento imediato das duas primeiras cidades-satélites
— uma próxima à represa do Paranoá,
para funcionários da Novacap; e outra "além
do Torto", para 5.000 habitantes, em área adequada
à agricultura.
A primeira acabou vetada, sendo então
implantada na região da fazenda do Gama.
A segunda tomou o nome da antiga fazenda Sobradinho dos
Melo.
O plano de Sobradinho — prevendo amplos
espaços e todos os equipamentos, "segundo
as boas normas do urbanismo social" — foi elaborado
por Ignácio Ferreira e aprovada, com pequenas modificações,
pelo arquiteto Paulo Hungria Machado, indicado por Lúcio
Costa.
O início da ocupação
teve de ser quase imediato, para abrigar moradores da Vila
Bananal — ou Vila
Amaury —, um acampamento de barracos precários
no leito do lago Paranoá, já em fase de enchimento
em 1959.
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