Cidades satélites de Brasília
e Entorno do Distrito Federal
Taguatinga
Flavio R. Cavalcanti
A "vila Taguatinga" surgiu
contra a vontade dos construtores de Brasília, por lutas
e pressões de famílias reivindicando uma área
para construírem suas casas.
Foi fixada no lado externo do limite do Contorno
da bacia hidrográfica do Paranoá — ao contrário
do Gama e Sobradinho,
criadas logo em seguida, de forma planejada, e bem mais afastadas
do "cinturão verde" de Brasília.
Seria o bastante para que, cedo ou tarde, a "capital comercial
do DF" se expandisse também para o interior do Contorno
— que é o significado de Águas
Claras, Riacho Fundo e Vicente
Pires.
No âmbito da luta por espaço urbano de moradia,
a experiência dos pioneiros da Vila Taguatinga fez escola,
mostrando ser mais vantajoso romper planejamentos e em seguida
cobrar infraestrutura, do que comprar por valor de mercado e sem
perspectiva de investimento público (no Entorno), ou, mesmo,
desafiar proprietários estabelecidos, pouco sensíveis
a questões sociais.
Exceto por alguns aspectos padronizados, Taguatinga pouco difere
de qualquer cidade não planejada, inclusive prédios
verticais de residência, com lojas e/ou garagem fechada
no térreo, em ruas estreitas, com oficinas e até
pequenas indústrias na calçada oposta.
Endereços
Inicialmente tinha poucas quadras (designadas por letras, QSA,
QSB etc. ao sul; QNA, QNB etc. ao norte) e, na prática,
os números indicavam conjuntos de casas (QNA-1, QNA-2)
ou conjuntos de prédios comerciais (CNB-1, CSB-1) dentro de cada quadra.
Com a criação de novas áreas, cada vez maiores
— só a QNL é quatro vezes maior que a "Vila"
original, e chama-se "L Norte" —, a numeração
passou a designar quadras inteiras, de fato, exigindo a indicação
adicional dos conjuntos dentro delas.
A seqüência prossegue na Ceilândia, QNM,
QNN, QNO e QNP — embora Taguatinga tenha algumas QNM com numeração
maior do que as da Ceilândia
Mapa do "novo Distrito Federal", organizado e desenhado pelo
eng° cartógrafo Clóvis de Magalhães, possivelmente
no final
dos anos 50, indicando apenas a "Vila de Taguatinga"
e o (já oficialmente denominado) Núcleo Bandeirante —
porém ainda não
o campus da Universidade de Brasília
(UnB), o Gama, Sobradinho,
ou mesmo a Estrada
Parque Taguatinga.