Obs.: Estou datando de "1955", por aproximação. O suicídio de Getúlio foi no final de Agosto do ano anterior, e levaria algum tempo até o marechal Pessoa tomar pé dos trabalhos da Comissão, conversar com os diretores da CPEF e receber uma proposta formal. No ano seguinte, JK tomou posse em Janeiro e algum tempo depois o marechal retirou-se da Comissão.
« (...) o marechal procurou diretamente os diretores da Cia. Paulista
de Estradas de Ferro e expôs francamente o problema, apelando para
o patriotismo dos responsáveis pela modelar estrada.
Depois de longa troca de idéias, os diretores decidiram enviar
a seguinte proposta:
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A Cia. Paulista de Estradas de Ferro construiria,
com a sua experiência e os seus técnicos, sem qualquer
ônus para o governo (pagamento de taxa de administração)
uma estrada de ferro, de Colômbia ao sítio da Nova Capital,
verdadeiro prolongamento da Estrada de Ferro Paulista;
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o traçado proposto seria mais ou menos o seguinte,
com as variações que o Governo brasileiro desejasse:
Colômbia - Triângulo Mineiro - Catalão - um espigão
que vem de Catalão até perto de Planaltina - Nova Capital.
A estrada de ferro entraria na Nova Capital pelo Nordeste;
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o Governo brasileiro colocaria à disposição
da Cia. Paulista de Estradas de Ferro as quantias necessárias
à construção da estrada e nomearia uma comissão
fiscal para verificar a aplicação do dinheiro público;
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a Companhia teria a prioridade de explorar a estrada
por tempo indeterminado. No longo ofício enviado ao marechal
Pessoa, os diretores da Estrada de Ferro Paulista orçavam a
obra em Cr$ 6 bilhões e estimavam o término da construção
em quatro anos (junho de 1956 a julho de 1960).
Esta importante e interessante proposta foi levada ao conhecimento do
então presidente Café Filho, que infelizmente, não
teve a necessária intuição e compreensão.
De início rejeitou-a, taxando-a de desinteressante.
Assim, por causa daquela infeliz decisão do Presidente da República,
não temos hoje em Brasília uma moderna ferrovia, pois, é
sabido que a Cia. Paulista de Estradas de Ferro, totalmente particular,
sempre foi modelo de organização.
Quando o eng° Maurício Jopert da Silva, em artigo escrito
em O Globo, se referiu a esse fato, respondi-lhe em carta o que venho
agora de relatar e disse mais: quando foi constituída a Novacap,
de que fomos um dos diretores, insistimos várias vezes sobre o
assunto; relatamos em reunião de Diretoria os oferecimentos e a
proposta da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, mas fomos voto vencido.
Verificamos, posteriormente, que os engenheiros da Novacap preferiam outra
solução. »
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