Goiânia, 1945
A ligação ferroviária de Goiânia
alterou o Plano Geral de Viação
Estradas de Ferro do Brasil 1945,
suplemento da Revista Ferroviária, p. 285
Quando foi elaborado o Plano Geral de Viação, aprovado em 1934,
a capital do Estado de Goiás era [a cidade de]
Goiás e a linha férrea que então subia para Anápolis
foi dirigida para essa cidade, de onde rumaria para Registro do Araguaia, estabelecendo
desse modo o chamado tronco TP-4.
Depois de aprovado, porém, o Plano Geral, o governo deliberou
a mudança da capital para Goiânia. Mas Goiânia
não existia nem fora prevista como sede de administração,
de sorte que o advento criou a situação de a principal
cidade do Estado ficar sem meios de transporte fácil, qual
o da estrada de ferro. Foi quando se ventilou a questão e
o DNEF interveio sugerindo a modificação do TP-4 como
solução decorrente do imperativo: abandonava-se Goiás
pelo prolongamento da linha em Anápolis, dirigia-se o mesmo
TP-4 para Goiânia, rumando daí para Registro do Araguaia,
e conduziam-se os trilhos de Anápolis para São José
do Tocantins, estabelecendo-se a ligação dessas duas
cidades por um tronco meridiano.
A sugestão do Departamento Nacional de Estradas de Ferro
recebeu aprovação e foi convertida em decreto.
Dois troncos ortogonais
Com a modificação do plano nesse particular, o Estado
de Goiás ficou cortado por dois ortogonais: o paralelo servindo
Goiânia e se alongou até Registro do Araguaia, e o
meridiano investindo para São José. O primeiro, TP-4,
com uma finalidade essencialmente político-administrativa,
servindo à capital do Estado; o segundo, TM — absolutamente
econômico, visto que rumando para São José do
Tocantins, onde existem as mais ricas jazidas de níquel do
Brasil, com teor metálico aproximado de 5% e reservas calculadas
em 10.000.000 toneladas, das quais já cerca de 2% prospectadas.
A ligação para Goiânia
Assim estabelecido pelo DNEF, tiveram início os estudos
para o estabelecimento do TP-4 em sua nova posição.
Procedeu-se, então, um reconhecimento entre General Curado,
na EF Goiás, e Goiânia por existir aí a mais
curta distância entre essa estrada e a nova capital, mas,
considerando, também, não ser a mais curta distância
um argumento de expressão suficiente para escolha do traçado
definitivo, se não for considerada a integração
da nova linha dentro do plano de viação férrea
do Estado, dois outros reconhecimentos foram procedidos, partindo
de Leopoldo de Bulhões e de Bonfim.
Três reconhecimentos
Os três reconhecimentos foram procedidos pelo engenheiro
Antônio Nunes Galvão, todos finalizando em Goiânia
e partindo respectivamente de General Curaro, Leopoldo de Bulhões
e Bonfim.
General Curaro - Goiânia — Os estudos nesse traçado,
numa extensão de 75 km, foram relativamente fáceis,
dado existir só um traçado possível, pelo divisor
de águas dos rios João Leite e Sozinho, afluente do
rio Meia Ponte.
Bonfim - Goiânia — Partindo de Bonfim, os estudos demoraram
mais. O traçado apresenta vários acidentes logo à
saída daquela cidade, onde encontra vários córregos
afluentes do rio Corumbá, tributário do rio Paranaíba.
Mais ao fim, já quase a atingir Goiânia, atravessa
o rio das Caldas e ainda outros córregos afluentes do rio
Meia Ponte, cujo leito, uma vez alcançado, é então
seguido até a nova capital. Desenvolve-se, ao todo, por cerca
de 112 km.
Leopoldo Bulhões - Goiânia — Entre Leopoldo Bulhões
e Goiânia foram realizados dois estudos.
O primeiro dirigiu-se transversalmente a todos os afluentes do
rio Meia Ponte, atravessou muitos vales, galgou vários espigões
e ofereceu grande desenvolvimento. Teve, por isso, de ser abandonado.
O segundo foi determinado em conseqüência de haver sido
desprezado o anterior. Partindod e Bulhões orientou-se inicialmente
no mesmo sentido do primeiro, mas logo a 6 km de Bulhões,
ao invés de cortar transversalmente os córregos (...)
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