Referências
Antologia do Correio Braziliense - Barbosa Lima
Sobrinho - Livraria Editora Cátedra, Rio de Janeiro / INL, 1977
Hipolito da Costa e o Correio Braziliense - Mecenas
Dourado, Rio de Janeiro, F. Bastos, 1957
Hipolito da Costa e o Correio Braziliense - Carlos
de Andrade Rizzini, São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1957
Diario da minha viagem para Filadélfia: 1798-1799
- Hipólito José da Costa, Rio de Janeiro, ABL, 1955
Narrativa da perseguição - Hipólito
José da Costa, Porto Alegre, UFRGS, 1974
O senhor do tempo - Luiz Egypto: Entrevista
com Sergio Goes de Paula, autor de Hipólito de Costa
(Editora 34, Rio, 2001)
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Projetos para o Brasil: Hipólito da
Costa
Hipólito e a idéia da capital no interior
Flavio R. Cavalcanti
Resenhas da idéia da interiorização
da capital registram cinco intervenções de Hipólito
José da Costa [há
referência a mais uma, de 1820] — e omitem a última,
feita após o encerramento do Correio Braziliense.
Nessas intervenções encontram-se já os parâmetros
de localização da nova capital — adotados depois
por José Bonifácio,
Varnhagen e outros.
Em Planos
de colonização e de catequese e dificuldades do
Rio como Capital (março de 1813), Hipólito
indicou:
(...) um país do interior, central e
imediato às cabeceiras dos grandes rios; edificariam
ali uma nova cidade, começariam por abrir estradas que
se dirigissem a todos os portos do mar e removeriam os obstáculos
naturais que tem os diferentes rios navegáveis (...).
Este ponto central se acha nas cabeceiras do
famoso rio de São Francisco. Em suas vizinhanças
estão vertentes de caudalosos rios, que se dirigem ao
norte, ao sul, ao nordeste e ao sueste (...).
Hipólito voltou ao tema em Nova
capital, novas estradas e medidas para a criação
de povoados (julho de 1816); e em Programa
para o desenvolvimento do Brasil (1816), novamente propondo
atrair imigrantes como forma de obter conhecimentos e experiência
para o estabelecimento dos mais diversos empreendimentos. Neste
último artigo, situa o local da capital mais a leste, entre
o rio Doce e o São Francisco, em Minas Gerais, com o estabelecimento
de uma fundição de ferro:
Persuadidos de que haverá minas de ferro
nas margens do rio S. Francisco; e sabendo que ali há
muita madeira e pedra; propomos que no lugar aonde se desejar
fazer a capital se estabeleça uma fundição;
engenhos de serrar madeira; e canteiros a lavrar pedra. (...)
Particularmente fora do contexto tem sido a citação
do artigo
Vinda d'El Rei para Portugal: O Brasil como ponto central da monarquia
portuguesa (maio de 1818), onde reafirma que a sede da
monarquia portuguesa não deveria ficar em um porto
— Lisboa —, excluindo igualmente o Rio de Janeiro:
(...) somos de opinião que a Corte não
deve residir no porto, ou lugar que se destinar a ser o empório
do comércio; (...). É nesta consideração,
além do manifesto interesse de ter a capital no centro
da monarquia, que temos por mais de uma vez dito que o Rio de
Janeiro é impróprio para ser a residência
da Corte; e que nas campinas do rio Doce e vertentes do rio
S. Francisco se acham muitos lugares que oferecem as mais belas
situações para se estabelecer a Corte.
O que discutia ali, de fato, era a volta da capital do Reino
Unido (Portugal, Brasil e Algarves) para Lisboa:
Se as possessões portuguesas na Índia
merecem ainda a contemplação de serem consideradas
províncias componentes da monarquia, e não como
meras feitorias de comércio; então o Brasil está
em melhor situação para ser sua metrópole
do que Portugal, situado na extremidade oposta do globo.
Restabelecida a sede do Reino Unido em Lisboa, Hipólito
volta ao tema em Revolução
no Rio de Janeiro (março de 1822), quando recebe
a notícia de que a população do Rio de Janeiro
se opôs à ordem de também o príncipe
D. Pedro retirar-se para Portugal:
Em conseqüência do decreto das Cortes
para se criarem Juntas governativas no Brasil, muitas das províncias
já formaram suas juntas e é natural que no Rio
de Janeiro se execute o mesmo. É pois sumamente indecoroso
que o príncipe real continue a residir no Brasil sujeito
a uma Junta governativa ou, pelo menos, sem ter algum comando
geral no Brasil consistente com sua alta dignidade.
Parece-nos, pois, que o modo mais prudente
de conciliar as cousas, no presente estado dos negócios,
é formar-se no Brasil um governo central provisório,
a cuja frente esteja o príncipe real, a quem prestem
obediência as juntas provinciais.
Este governo central não se pode formar
a aprazimento dos povos, sem que S. A. R. convoque deputados
das diversas províncias, principalmente das mais próximas,
que os quiserem mandar: o local desse governo provisório
não deve ser o Rio de Janeiro, mas algum no interior;
e formado assim esse governo central a aprazimento dos povos
por meio de seus deputados; tal governo provisório deve
então entrar em correspondência com as Cortes em
Lisboa e assentarem nas bases de um governo permanente, no qual
se evitem os erros em que as presentes Cortes têm caído.
Declarada a independência do Brasil e encerrada a publicação
do Correio Braziliense, Hipólito — agora representante
diplomático do país em Londres — envia ao ministro
José Bonifácio os "Apontamentos
para um plano de Correios, Estradas e Colonização
do Brasil", com sugestões de ordem prática
para o projeto de desenvolvimento defendidas ao longo da existência
do jornal: vias de comunicação, parcelamento da
terra, imigração, colonização, mineração
etc.
"Finalmente, Hipólito recomendava
que se transferisse a capital do Rio de Janeiro para o interior,
menos por razões militares do que para atender objetivos
de ordem econômica e demográfica" [O
nascimento do pensamento econômico brasileiro - Paulo
Roberto de Almeida].
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