Estação Ferroviária de Brasília
Como seria
Descrição "não-oficial" -
memorial descritivo ainda não localizado.
Desenhos simplificados
e fora de escala. Ver Maquete
A imagem da estação ferroviária, do lado da cidade,
é um extenso volume horizontal, sobre poucos pilares, cobrindo
um grande vão livre no térreo (pilotis).
Na verdade, há no pilotis — de
piso negro — alguns volumes fechados por vidro fumê, recuados
da fachada e pouco visíveis, na sombra, a quem se encontra do lado
de fora, ao sol. Apenas uma pequena parede em azulejos claros se destaca.
A horizontalidade e extensão do prédio visível
— em concreto aparente, só marcado pela longa seqüência
de janelas emolduradas em relevo branco, a intervalos regulares — sugerem
um trem de passageiros.
Duas torres engatadas por passarelas ao corpo principal — uma
em cada extremidade — não chegam a interferir nessa impressão.
Entrada
Até os anos 80, o passageiro que chegasse de carro ou de ônibus
desembarcaria a salvo do sol ou da chuva, sob uma ampla marquise — depois
eliminada.
No centro do vão térreo, o passageiro teria visão
imediata dos trens estacionados nas plataformas. Poderia dirigir-se diretamente
à primeira plataforma, em frente; descer a escadaria
de acesso às demais plataformas; percorrer o pilotis em busca de
alguns serviços; ou subir à sala de espera no piso
superior.
Piso térreo
A configuração permanente do pilotis inclui um volume
retangular fechado, na ala sul; e duas fileiras de pequenas lojas
— banca de revistas, farmácia, café, tabacaria — formando
um corredor espaçoso em direção à lanchonete,
na ala norte. Junto às lojas foi instalado o elevador de uso público.
A passagem direta para a primeira plataforma
é estreitada, para permitir o controle de bilhetes de embarque.
Segundo um engenheiro da construtora [entrevista
de 1976], o posto médico de emergência, previsto
para a ala sul, deveria alinhar-se com o pequeno hospital a ser
instalado no piso superior, compartilhando um dos elevadores privativos
de ligação com a via de serviço do subsolo.
A lanchonete térrea da ala
norte se alinharia, igualmente, com o restaurante do primeiro piso,
compartilhando outro elevador privativo para a recepção
de suprimentos entregues na via de serviço subterrânea.
Na prática, chegaram a funcionar a lanchonete e o restaurante
— embora o elevador não tenha sido confirmado por seus empregados,
na época.
As portas do volume fechado na ala sul foram divididas entre
várias utilizações — escritório do chefe
da estação (ferroviária), juizado de menores,
entrada privativa para o escritório da RFFSA (piso superior),
com elevador próprio. Mais tarde, uma porta foi destinada
a um mini-shopping, contendo meia-dúzia de lojas minúsculas
(souvenirs, cine-foto).
Piso superior
O andar de cima também tem piso negro, e as janelas — tubulões
simulando parede de grande espessura — reduzem a entrada de luz
e calor, durante o dia. De madrugada, inversamente, oferecem proteção
contra os ventos frios que varrem o vão térreo.
A iluminação artificial é dispersada pela
decoração do teto em chapinhas
de alumínio, à guisa de forro rebaixado, que oculta
as instalações elétricas e torna o ambiente
repousante, sem reduzir o volume de ar.
A área central foi realmente destinada a uma ampla sala
de espera (como afirmado pelo engenheiro da construtora), entre
o restaurante da ala norte e uma fileira de lojas ao fundo.
Além da escada, dispõe de acesso pelo elevador público.
Diante das lojas, uma abertura no piso, protegida por um balcão
retangular, permite observação do movimento no térreo
e melhora a aeração.
O acesso ao restaurante se dá atravessando o jardim de inverno
que marca o início da ala norte.
A ala sul, de fato, dispõe de um elevador privativo, porém
nenhum mini-hospital chegou a ser instalado.
Quando a estação foi alugada ao governo do Distrito
Federal, a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), proprietária
do prédio — e cuja sede permaneceu sempre no Rio de Janeiro
— reservou-se a ala sul, para onde transferiu o escritório
de Brasília, até então localizado em um pequeno
prédio próprio, construído na via W-3.
Essa área reservada à RFFSA inclui um pequeno jardim
de inverno, que facilita a divisão do espaço.
Piso inferior
Uma via de serviço ao longo de todo o piso inferior retiraria
da fachada o trânsito de ambulâncias, carros de polícia
e caminhões de entrega, de lixo etc. Para isso, elevadores de serviço
fariam a ligação do subsolo ao térreo e ao piso superior.
A parte central do piso inferior, na verdade, prolonga-se além
da fachada posterior, por baixo das vias férreas,
permitindo não só estender a passagem a novas plataformas,
como dotá-la de lojas e serviços adicionais, à medida
em que se fizessem necessários — sem alterar a edificação
visível.
Com isso, mesmo na quinta plataforma, tripulações e passageiros
poderiam dispor de determinadas facilidades sem percorrer todo o caminho
até o prédio principal.
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