Referências
Antologia do Correio Braziliense - Barbosa Lima
Sobrinho - Livraria Editora Cátedra, Rio de Janeiro / INL, 1977
Hipolito da Costa e o Correio Braziliense - Mecenas
Dourado, Rio de Janeiro, F. Bastos, 1957
Hipolito da Costa e o Correio Braziliense - Carlos
de Andrade Rizzini, São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1957
Diario da minha viagem para Filadélfia: 1798-1799
- Hipólito José da Costa, Rio de Janeiro, ABL, 1955
Narrativa da perseguição - Hipólito
José da Costa, Porto Alegre, UFRGS, 1974
O senhor do tempo - Luiz Egypto: Entrevista
com Sergio Goes de Paula, autor de Hipólito de Costa
(Editora 34, Rio, 2001)
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Projetos para o Brasil: Hipólito da Costa
Apontamentos para um plano de
Correios, Estradas e Colonização do Brasil
(...) Hipólito, como muitos outros dirigentes esclarecidos
dessa época, a começar pelo próprio Andrada,
recomendava a implementação de um programa abrangente
de imigração de agricultores europeus. O tema comparece
em diversos números do Correio, mas seria apenas no início
de 1823, já interrompida no mês de dezembro anterior
a edição do Correio Braziliense, que Hipólito
elabora um plano preliminar cobrindo diversos aspectos da ocupação
racional do território brasileiro. O documento, que tinha
como título "Apontamentos para um plano de Correios,
Estradas e Colonização do Brasil", foi remetido
por mala diplomática de Londres ao próprio José
Bonifácio, em fevereiro de 1823, integrando hoje as coleções
do Arquivo Histórico do Itamaraty.
Para atender à implementação das medidas que
ele propunha, Hipólito sugeria a adoção de
estrutura administrativa própria, sob a forma de uma repartição
pública dividida em três seções:
a) correios, estradas, pontes, barcos de passageiros;
b) terras, registro de propriedades de raiz
e estatísticas do país;
c) imigração, colonização,
cultura de terras e lavra de minas.
Reconhecendo que talvez fosse difícil ter uma repartição
autônoma para esses diferentes serviços, ele propunha
que o encargo ficasse provisoriamente com a secretaria do exterior:
"A vasta importância deste objetos, num país tão
extenso e tão pouco povoado como é o Brasil, requer
o cuidado de uma repartição exclusiva, mas como por
ora as relações diplomáticas sejam as que menos
tempo ocupem, pode este trabalho anexar-se com muita propriedade
ao Ministério dos Negócios Estrangeiros".
Como vários contemporâneos, Hipólito mantinha
a crença que se deveria desestimular a vinda de comerciantes
— preconceito que seria ostentado pelas elites do Brasil até
praticamente o final da Segunda Guerra Mundial —, dando preferência
aos agricultores europeus, os únicos que poderiam realizar
o objetivo prioritário: a ocupação do solo.
Desde 1813 ele expressava essa opinião: "Os únicos
estrangeiros que freqüentam agora o Brasil são os negociantes,
a pior sorte de população que ali pode entrar, porque
o negociante estrangeiro que ali chega não possui outra pátria
senão a carteira e o seu escritório, chega, enriquece-se
e vai-se embora morar no seu país natal ou aonde lhe faz
mais conta" Hipólito recomendava a importação
de artistas, mineiros, pescadores, homens de letras, que viessem
ensinar, difundindo a instrução, e, sobretudo, de
agricultores, a serem atraídos por medidas apropriadas. Em
seu plano de 1823, ele recomendava criar companhias por ações
às quais seriam distribuídos lotes (sesmarias), nos
quais seriam estabelecidos núcleos urbanos, bancos de depósito
e desconto (inclusive com a faculdade de emitir dinheiro válido
nesse território) e que contariam com isenção
alfandegária para a importação de instrumentos
agrícolas e de mineração, máquinas diversas,
durante um prazo de 25 anos. A companhia pagaria ao governo o dízimo
da produção agrícola e o quinto da mineração
e ajudaria na manutenção de estradas e pontes. Finalmente,
Hipólito recomendava que se transferisse a capital do Rio
de Janeiro para o interior, menos por razões militares do
que para atender objetivos de ordem econômica e demográfica.
(...)
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