Relatório Cruls, 1896
Trabalhos realizados
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. Luiz Cruls: notas biográficas
Rio de Janeiro, Animatógrafo / Brasília, Verano Editora, 2003, p.
54-57
Para melhor organização dos trabalhos, tanto do ponto de vista
econômico como técnico, as diversas turmas acamparam num ponto central
da região demarcada [córrego do Acampamento].
Edificaram-se pequenos ranchos, em número suficiente para ser usados como
moradia e guarda de material. Como o local do acampamento estava situado em terreno
de propriedade particular, surgiram em setembro de 1894, nos jornais do Rio de
Janeiro, protestos, com o receio que o governo da União viesse a se apossar
dos terrenos, sem nenhuma indenização aos proprietários.
Como chefe da Comissão, Cruls levou ao conhecimento do governo os protestos
e declarou sem fundamento as alegações com base no fato que o governo
federal só ocuparia os terrenos que não fossem próprios nacionais
depois de um prévio acordo e indenização aos proprietários
[houve depois um arrastado processo de indenização
por derrubada de algumas palmeiras, ou tipo assim].
Nos fins de 1894, um observatório meteorológico foi instalado
no acampamento a uma altitude de 1.000 metros, que funcionou realizando observações
regulares, às 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 horas, sob a responsabilidade
de J. J. de Campos Curado.
Com o fim de estudar as condições de navegabilidade dos rios
São Francisco e Araguaia foram enviadas duas turmas. Uma, sob a chefia
de Henrique Morize [a turma de Morize havia subido o rio
São Francisco], que visava aproveitar a navegação
fluvial já existente no rio São Francisco e examinar as condições
da região atravessada até Formosa, com o objetivo de desenvolver
uma estrada de ferro que ligasse a futura capital à Bahia. Outro, sob a
chefia de Antônio Cavalcanti [havia subido o São
Francisco na turma de Morize; e a seguir desceu o Araguaia até Belém],
levantou as condições de navegabilidade do Araguaia e a conveniência
de ligar a futura capital com o Araguaia por intermédio de uma estrada
de ferro que passasse pela capital de Goiás.
Em 30 de novembro de 1895, começou o reconhecimento da estrada de Catalão
a Cuiabá, pelo engenheiro James João Mellor que determinou a distância
entre Catalão e Goiás em 453,5 quilômetros. (...)
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