Referências
Leo Huberman, História da riqueza dos EUA (Nós,
o povo), Brasiliense, São Paulo, 1978
Herbert Aptheker - Uma nova história dos Estados
Unidos - vol. 2 - A revolução americana - Ed. Civilização
Brasileira S/A, Rio de Janeiro, 1969
Richard B. Morris - Documentos básicos da história
dos Estados Unidos - Editora Fundo de Cultura, Rio de Janeiro, 1964
William Miller - Nova história dos Estados
Unidos - Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1962
|
|
|
O exemplo norteamericano
Oklahoma, 1889
A corrida por 2 milhões de acres
Trecho de Cimarron, Edna
Ferber,
sobre a corrida por lotes de 160
acres, de graça,
em 22 de abril de 1889
« Yancey Cravat estava falando. Estivera falando durante
quase uma hora. Voltara nesta mesma manhã do interior de
Oklahoma — o recém-aberto território índio
onde ele participara da corrida para demarcar a vasta extensão
de terra virgem denominada coloquialmente a Nação.
(...)
Ele estivera ausente um mês. Como milhares de outros, partira
em busca de terra grátis e de fortuna. Era um império
que se oferecia a quem quisesse tomar posse dele. (...)
— (...) Eles chegavam como uma procissão — uma procissão
maluca — até a fronteira, avançando o mais depressa
que podiam, por todos os meios de que podiam dispor, empurrando
outros nas valas para chegar primeiro. Só Deus sabe por quê,
pois todos sabiam que uma vez que chegassem teriam que esperar,
como gado encurralado, pelo estampido do tiro que abriria a terra
prometida. Quando fui me aproximando da linha de demarcação
era como se estivesse vendo formigas amontoando-se sobre o açúcar.
Eles desciam das colinas, surgiam do cerrado e avançavam
através da campina. Vinham do Texas e Arkansas, do Colorado
e Missouri. Chegavam a pé, Santo Deus, vindos de Iowa e Nebraska!
Vinham em charretes, carretas e carroções, a cavalo
e no lombo de mulas. Em carroções com toldos, carros
de boi e carruagens. (...)
— Pois bem, a fronteira finalmente; e foi como uma comemoração
do 4 de Julho ou o dia do juízo final. A milícia estava
enfileirada na divisa. Ninguém tinha permissão de
dar um passo avante na nova terra até o meio-dia do dia seguinte,
ao disparar das espingardas. Dois milhões de acres de terras
iam ser dados aos que chegassem primeiro. Meio-dia era a hora marcada.
Todos sabiam isso de cor. Dia 22 de abril, ao meio-dia. É
necessário gerações e gerações
e centenas de anos para povoar uma nova terra. Mas aquela terra
ia tornar-se habitável do dia para a noite (...)
— Eu havia planejado tentar obter um lugar no trem de Santa Fé
que estava parado, soltando vapor, pronto para penetrar na Nação.
Mas não era possível entrar nele. Não havia
lugar para mais uma pulga. Havia gente pendurada no limpa-trilhos
e formigando por sobre toda a locomotiva, e muitos tinham se aboletado
no topo dos vagões. A velocidade da locomotiva fora reduzida
ao trote de um cavalo. E nem isto o maquinista iria conseguir. O
trem fizera pouco mais de trinta quilômetros em noventa minutos.
(...)
Assim ficamos nós parados, aos milhares, a noite inteira.
Pela manhã, começamos a nos enfileirar junto à
fronteira, o mais próximo que nos permitiam. A milícia
se colocara em toda a extensão da linha para impedir que
a ultrapassássemos. Tinham tocado fogo na campina quilômetros
para dentro da Nação para que o mato ficasse
rasteiro e permitisse ver o caminho (...). »
|
|
|