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Referências« Esta casa, primeira construção
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Visão, 1959
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« Numa de suas viagens a Brasília, no mês passado, JK presidiu a uma cerimônia que o tocou profundamente: a incrporação do Catetinho — sua primeira residência na futura capital do País — ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Para os homens que imaginaram e levaram a cabo a construção do Catetinho a cerimônia foi pretexto para toda uma cadeia de emotivas recordações. É que a casa pioneira tem uma história, alegre e aventureira, que pouca gente conhece.
« O Catetinho nasceu em mesa de bar, de um bate-papo que foi ganhando entusiasmo e consistência, até que um dia demarrou do Juca's Bar, no Hotel Ambassador, as palavras transformando-se assim na realidade de uma expedição pioneira. A mesa onde a idéia foi gestada entre goles de uísque — a grande mesa do fundo, no segundo andar do bar — lá está até hoje, recordando o feito com o apelido de Catetinho.
« O engº José Ferreira de Castro Chaves — Juca — foi o anfitrião da aventura. Há muitos anos ele imaginava um hobby: um bar moderno e confortável, no centro da cidade, onde pudesse beber do bom, bem servido, em companhia dos amigos. O bar, instalado no Hotel Ambassador, com o correr do tempo se tornou uma pequena instituição. Apesar de Juca pertencer a tradicional família pernambucana, foi a mineirada quem ocupou o local, desbancando, após a eleição de JK, os políticos nordestinos que ali tinham uma espécie de quartel-general. Na mesa de Juca, freqüentada por Oscar Niemeyer, João Milton e César Prates, Dilermando Reis e outros amigos, falou-se na preocupação presidencial, após uma viagem de inspeção à zona onde se ergueria a futura capital: o Presidente queria acompanhar os trabalhos desde o início, mas não sabia onde ficar.
« Rapidamente, a mesa concluiu que a solução era construir uma casa. A decisão topou com a dúvida de alguns descrentes. Mas a resistência dos céticos foi aos poucos sendo destruída. Alguém indagou: «Caminhão chega até lá?» «Demora, mas chega», foi a resposta. Chegando, estava resolvida a parada. No dia seguinte, Oscar já aparecia com o risco daquilo que seria a primeira residência presidencial em Brasília. Uma casa simples, mas confortável. Hoje, esse projeto se encontra também incorporado aos arquivos do Patrimônio Histórico e Artístico.
« A planta de Oscar era a resposta ao desafio. Havia grandes dificuldades, entre as quais se incluía a necessidade de uma soma razoável para o financiamento da empreitada, mas ninguém pensou em desistir. A Novacap nesse tempo praticamente inexistia, e dela era impossível esperar apoio. César Prates e Juca Chaves avalizaram então uma letra de João Milton, que foi descontada na agência do Banco de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Emídio Rocha — o Rochinha, figura boêmia, compositor bissexto, autor de um belíssimo samba (Novos Rumos) que Sílvio Caldas gravou — foi o intermediário responsável pela rapidez e sucesso da operação financeira. Enquanto isso, Roberto Pena, de Araxá, aderia à idéia e propunha que se ganhassem 1.500 quilômetros de distância, fazendo partir de Araxá todo o material que ali pudesse ser reunido e adquirido.
« Do Rio, de avião, seguiriam operários especializados e chefes de turma. Posteriormente, caminhões transportariam o mobiliário, utensílios, roupa de cama. Dessa tarefa ficaram incumbidas as esposas dos expedicionários.
« O local de encontro era Luziânia nas vizinhanças de Brasília. A caravana deixou Araxá com um trator e uma patrol, pois havia trechos de estrada por consertar e outros até por construir. Outra providência que se revelou das mais sensatas foi incorporar à expedição um famoso caçador de Araxá — o velho Duca — que era subdelegado local. Duca, emérito caçador de perdizes (abundantes na região de Brasília), foi utilíssimo. Também no último momento dois voluntários preciosos se apresentaram: jovens radio-amadores de Araxá que, chegando a Brasília, montaram uma estação. Esta, além de orientar o comboio procedente do Rio, mantinha comunicação com todo o Brasil. Até JK, no Catete, foi certa noite surpreendido com o seguinte chamado: «Está falando Brasília, a futura capital do Brasil...»
« Desde o momento em que atingiu o sítio escolhido para construir o Catetinho — um lugar delicioso junto a um olho d'água — a caravana contou com a ajuda do pioneiro Bernardo Sayão, já contagiado pela aventura. O saudoso Sayão, muitas vezes, providenciou pão, cerveja e gelo para o pessoal. O gelo, principalmente, era sempre muito bem recebido, pois a turminha do Juca's não abria mão dos seus hábitos — bebericando o uísque cotidiano.
« O trabalho não foi brincadeira, mas em dez dias, com o aproveitamento de madeiras existentes na zona, a obra estava concluída. Também um campo de aviação, encascalhado, foi aberto, e no dia 1º de novembro onze aviões nele pousaram.
« O banheiro de JK foi instalado com água fria e quente, esta fornecida por um fogão caipira, de serpentina. No topo de uma árvore gigantesca, que funcionou à guisa de torre, foi instalado o reservatório de água. As noites, durante o período de construção, foram animadas: logo no segundo dia uma onça visitou a barraca de alguns operários, tendo sido corrida a tiros, coisa que não podia ser feita com os mosquitos, infelizmente. Mas havia o violão do mestre Dilermando, artista e compositor de renome, cineminha e até champanha. E como Juca Chaves frisou no discurso pronunciado por ocasião da solenidade de tombamento da construção, «o Catetinho foi, sobretudo, uma obra de alegria daqueles que acreditam no Brasil.»
« A alegria era o ingrediente indispensável à vitória da dura iniciativa. Agostinho Montandon, mais tarde falecido num desastre aéreo, contava sempre que chegara ao local sem camisa, pois esta se despedaçara durante a viagem, não resistindo ao continuado e violento atrito contra o encosto do assento do jipe. Esse espírito também ganhou os operários, muitos dos quais, após a conclusão do Catetinho, se incorporaram às obras de Brasília.
« Com a chegada do comboio que conduzia o mobiliário e petrechos, a casa foi guarnecida. Os móveis, modernos e bonitos, eram da Oca, uma galeria de Ipanema; as louças de Brennand do Recife; a roupa de cama e os colchões de molas foram também adquiridos no Rio; e havia ainda rádio e geladeira. Até um mordomo foi improvisado — o Tião, de Araxá, que hoje é dono do elegantíssimo King's Bar, de Brasília. O cozinheiro — no carregamento não faltou o equipamento todo de cozinha — chamava-se Batista, e fôra, durante vários anos, palhaço de circo de interior. Não teve muita sorte ao chegar: foi picado por uma jararaca, tendo estreado o soro da enfermaria de campanha da expedição.
« O Presidente tinha conhecimento do trabalho, mas jamais imaginara o que iria encontrar. Sempre pensara que se tratasse de uma espécie de acampamento confortável, no meio da mata. No dia 10 de novembro, chegou num avião Douglas, e os construtores o surpreenderam com o requinte de fazer com que o aparelho estacionasse ao lado da casa. Com o Presidente, viajaram Renato Azeredo, o coronel Lino Teixeira, o coronel Dilermando Silva, o jornalista José Moraes e vários assessores do Catete.
« JK não acreditou que a casa estivesse dotada de água quente, e foi preciso que César Prates o forçasse a colocar sua mão sob uma torneira para disso se convencer. Um almoço bem brasileiro — frango ao molho pardo e angu — aguardava o Presidente. À noite, após escutar o Repórter Esso, JK foi homenageado com uma serenata, com a apresentação por Dilermando Reis da primeira música composta em Brasília: Exaltação a Brasília. Era um samba: letra de Bastos Tigre (foi sua última produção) que Dilermando musicara durante a construção do Catetinho. César Prates, que escreveu um diário desses acontecimentos, cita a frase que ouviu do Presidente nessa noite: «Considero uma dádiva de Deus ter a oportunidade de construir Brasília.»
« Construída meses antes do advento do plano piloto, a residência que hospedou JK em suas idas a Brasília e foi morada oficial de Israel Pinheiro até junho de 1958, tendo sido posteriormente residência dos diretores da Companhia, ganhou da boca do povo o apelido com que entrou para a história: Catetinho. Um apelido carinhoso e simpático que sublinha a importância da aventura pioneira que a modéstia de seus personagens prefere narrar apenas pelo lado alegre e pitoresco.
« Assim, foi a decisão de um punhado de homens que permitiu ao entusiasmo de JK encontrar, desde a primeira hora, um local confortável de onde pudesse inspecionar o nascimento e crescimento de Brasília. »
Bibliografia
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