Memória dos jornais mineiros do século XIX - Jairo Faria Mendes(...) Até 1825, as Minas não tiveram mais de um jornal circulando simultaneamente. O Compilador Mineiro, durou menos de três meses, de 13 de outubro de 1823 a 9 de janeiro de 1824. Era publicado três vezes por semana (segundas, quartas e sextas), e em sua curta vida produziu 29 edições. O jornal foi muito bem recebido pela população. O primeiro número esgotou-se rapidamente, e teve que ser reimpresso. (...) O jornal também se mostrava um defensor da criação de uma universidade na província. Tendo em vista que seu diretor era o culto padre Viegas, pode-se entender o por quê dessa reivindicação. (...) Um editorial protestava do valor pago a uma oitava de ouro na província, 16 vezes menor do que o preço no mercado internacional. A edição nº 13 criticava os altos custos da administração do Tijuco. “Com esta importância podia ser instalada uma universidade em Minas”, dizia. O nº 14 defendia o Projeto Gomide (do deputado Antônio Gonçalves Gomide) que previa a criação de uma universidade em Vila Nova da Rainha (hoje cidade de Caeté). Na edição nº 21, o jornal dizia que era necessário criar um canal de comunicação com o Espírito Santo através do Rio Doce. Nos números 22 e 24, a publicação trata da dissolução da Assembléia Constituinte. (...) Depois do fechamento do Compilador, a província ficou apenas cinco dias sem jornais, ou seja, até 14 de janeiro de 1824, quando foi lançado o Abelha do Itaculumy. Ele também saia três vezes por semana (nas segundas, quartas e sextas), possuía quatro páginas, no formato 16 X 25 cm. Os primeiros jornais mineiros seguiram o mesmo padrão. (...) O jornal se mostrava bastante moderado. Como descreve Costa Filho (1955), o Abelha dizia ser contra o “liberalismo exaltado”, a favor da “ordem e prosperidade pública” e defendia que “o germe da anarquia não vinga no solo de Minas Gerais”. (...) Em 11 de julho de 1825, quando chegou à edição nº 82, o Abelha parou de circular, apresentando como motivo a venda da tipografia onde era impresso. Em 18 de julho de 1825, uma semana depois do fim do Abelha, foi lançado O Universal, que teve como seu principal redator o polêmico político mineiro Bernardo Pereira de Vasconcelos. Esse foi o primeiro jornal mineiro com expressão, principalmente pelo seu redator maior. Também se mostrou bem mais crítico. Costa Filho (1955) diz que o periódico foi “citado pelo Barão de Inhomirim, da intimidade de D. Pedro I, ao lado da Astréia, da Malagueta, da Aurora Fluminense e do Farol Paulistano, entre os jornais dos famintos, o que equivaleria dizer hoje jornais dos marmiteiros, jornais benquistos pelo povo” (p. 17). A publicação durou 17 anos, sendo que até 1833 teve a direção de Bernardo Vasconcelos. A partir daí, sob a direção de José Pedro Dias de Carvalho, fez oposição a Vasconcelos e aos conservadores. O novo proprietário tinha apenas 25 anos, e, talvez por sua juventude, tornou o jornal mais combativo. Dias de Carvalho foi um dos líderes do Partido Liberal. Foi presidente da província, em 1848, e também foi eleito deputado seis vezes, senador uma, e atuou como ministro da Fazendo em quatro ocasiões. O Universal era bem mais combativo que os dois primeiros jornais mineiros. Até por que teve redatores polêmicos, como Bernardo Vasconcelos, que era considerado um liberal exaltado, mas depois tornou-se conservador; e Dias de Carvalho, do qual já se falou anteriormente. No entanto, Costa Filho (1955) também classifica esse jornal como moderado: “(...) fiel ao seu liberalismo moderado, discordava dos pernambucanos, entendendo que mais liberdade que tínhamos seria anarquia. Não deixava, porém, de ajuntar que menos seria despotismo” (COSTA FILHO, 1955, p. 18). O jornal mostrava apoiar o imperador. Como diz Costa Filho (1955), “fazia vista grossa à realidade da ação despótica de Pedro I” (p. 18). (...) A dissolução da Assembléia Constituinte também foi aplaudida pelo jornal. (...) Mas o jornal participou de importantes lutas. As páginas do Universal foram utilizadas para denunciar a concessão da exploração de metais preciosos pelos ingleses. O jornal mineiro se engajou nessa luta, mostrando ser nacionalista. No entanto, um mineiro residente no Rio de Janeiro, que assinava como O Paraopebano, através do jornal O Fluminense respondia aos protestos do Universal, criando uma prolongada polêmica. Outros jornais das Gerais, como o Companheiro do Conselho e o Patriota Mineiro, ficaram ao lado do Universal na defesa das riquezas minerais da província. O surgimento de jornais que defendiam o absolutismo também foi criticado pelo Universal. Essas novas publicações eram acusadas de “revolucionárias” (palavra utilizada com o sentido de reacionárias). O Universal, que em seus primeiros anos elogiou o imperador, mudou de posição e deu uma importante contribuição para a abdicação de D. Pedro I, de acordo com Costa Filho (1955). No entanto, até o final do primeiro reinado, a publicação concentrava suas críticas aos ministros e aliados do imperador, buscando sempre isentar de culpa D. Pedro I. Jornais de situação, nas Gerais, como O Telegrapho (circulou de 1828 a 1831), respondiam a suas críticas. Por causa dessa disputa, “telegráfico” passou a ser uma expressão utilizada pelo Universal como sinônimo de absolutista. Mas, nesse período, apesar de ficar do lado dos liberais, o periódico mostrou posturas conservadoras. Em 3 de junho de 1829, ele elogia o Conselho Geral da Província por ter pedido a prorrogação do tráfico negreiro por mais seis meses. (...) Quando da visita do imperador, pouco antes de sua abdicação, o periódico teve uma postura de muito respeito a ele. No entanto, em 22 de abril (15 dias após a abdicação), o jornal critica D. Pedro I, chamando-o de ingrato, e acusando-o de trazer a escravidão e a tirania. Com relação à abdicação, o Universal diz ser a revolução “mais importante e gloriosa de quantas se tem feito no mundo” (apud Costa Filho, 1955, p. 39). O jornal circulou até a véspera da Revolução de 1842, quando seu proprietário fechou o periódico e usou seus tipos para serem derretidos e transformados em munição para os rebeldes. Esse é um dos fatos mais radicais do jornalismo brasileiro, o que contrasta bastante com a moderação da imprensa mineira. Em 1825, surgiram outros três jornais, de menor importância, em Ouro Preto: O Companheiro do Conselho, O Diário do Conselho do Governo da Província de Minas e O Patriota Mineiro. Costa Filho (1955) mostra que o Diário do Conselho também protestou muito contra as concessões feitas para estrangeiros, não só na mineração, como na indústria e na navegação. O jornal dizia: “(...) ao trono imperial com os gemidos de um povo agrícola, e mineiro, que imploram a clemência soberana. Sobrecarregado o povo de antigos impostos, e subsídios duplicados modernamente não receia poder subsistir, e que sua particular indústria, e propriedade sejam enormemente lesadas com tantas Companhias Estrangeiras, que começam a entrar nas Minas e pretendem apossar-se das chaves, e navegação do Rio Doce com o monopólio, e extração diamantina nesta, e províncias anexas, e aonde quer que forem denunciados...” (apud Costa Filho, 1995, pp. 32 e 33) O próximo jornal que surgiu nas Minas, em 20 de novembro de 1827, em São João Del Rei, foi o Astro de Minas, considerado “brilhante”, pelo jornalista e historiador Xavier da Veiga (1898). Foi a primeira publicação criada fora de Ouro Preto. Ela era impressa em uma oficina própria e tinha formato e diagramação semelhantes aos seus antecessores. Quando surgiu circulava apenas um jornal nas Minas, o Universal. O Astro de Minas seguia a mesma linha do Universal, ou seja, era liberal moderado. Ele tratava Bernardo Vasconcelos, o principal redator do Universal, como o “ídolo dos mineiros”, que era uma forma usual de chamar este líder político pelos seus partidários. Apesar de liberal, o Astro era defensor da escravidão. Por isso, fez fortes críticas a Gazeta do Brasil, que era abolicionista. O jornal mineiro disse: “Não quer, a gazeta, o comércio de escravos da costa da África, mas quer o cativeiro dos brasileiros” (apud Costa Filho, 1955, p. 40). |
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