II. O setor de transportes, que abrangia 29,6% do investimento
inicialmente planejado, subdividia-se nas seguintes metas:
6) ferrovias (reaparelhamento) — meta revista: a) material rodante
de tração compreendendo a aquisição
de nove locomotivas elétricas e 403 locomotivas diesel; b)
material rodante de transporte, compreendendo a aquisição
de 1.086 carros de passageiros e 10.943 vagões de carga;
c) reaparelhamento da via permanente, com a aquisição
de 791.600t de trilhos e acessórios e substituição
de dormentes.
Resultados em 1960: a) foram adquiridas nove locomotivas elétricas
e 380 do tipo diesel, portanto alcançaram-se respectivamente
100% e 95% da meta no item a; b) foram adquiridos 504 carros de
passageiros e 6.498 vagões de transportes, portanto, 51%
e 59% da meta no item b; c) foram adquiridos 613.259 t de trilhos,
logo, 77% da meta no item a e substituíram-se 14.931.505
dormentes, mais do que o dobro do previsto. No conjunto, portanto,
estima-se que a meta alcançou 76% do previsto.
7) ferrovias (construção) — meta inicial, 1.500 km
de ferrovias. Foram entregues ao público 826,5 km: atingiu-se,
portanto, cerca de 50% da meta revista, cabendo, no entanto, dizer
que, apesar de se ter estendido apenas de 3,2% a rede ferroviária
do país, o volume de carga transportada no período
1955-1960 cresceu de 21,7% e o número de passageiros aumentou
19,0% graças ao conjunto das metas 6 e 7.
A tabela abaixo [elaborada para o site em 8 Mai. 2012] é um ponto de partida para a verificação do efetivo cumprimento da meta de construção ferroviária durante o governo JK [31 Jan. 1956 ~ 31 Jan. 1961].
Extensão quilométrica das ferrovias no Brasil
Ano
Extensão por bitola
Variação por bitola
< 1,00
1,00
1,60
Total
< 1,00
1,00
1,60
Total
1955
1.041
33.427
2.624
37.092
-22
-85
-6
-113
1956
948
33.485
2.616
37.049
-93
58
-8
-43
1957
930
33.682
2.810
37.422
-18
197
194
373
1958
930
33.777
3.260
37.967
0
95
450
545
1959
873
33.708
3.129
37.710
-57
-69
-131
-257
1960
811
34.017
3.459
38.287
-62
309
330
577
-230
590
835
1.195
Fonte: Séries estatísticas do século XX, IBGE. Os campos marcados em amarelo foram calculados em planilha, para o site.
O acréscimo de +1.195 km na extensão total da malha brasileira, ao final do governo JK, contrasta com a afirmação de Celso Lafer, de que teriam sido entregues ao público apenas +826,5 km de ferrovias.
Além disso, as reduções de -43 km durante 1956, e de -257 durante 1959 diminuindo, portanto, em -300 km a base comparativa de 37.092 km existentes ao final de 1955 , pressupõe que outro tanto tenham sido construídos, para que ao final do governo JK a extensão total pudesse apresentar acréscimo de +1.195.
Seria necessário, portanto, que o governo JK tivesse entregado 1.495 km de novas ferrovias equivalentes a 99,7% da meta de construção de 1.500 km.
Nem é necessário lembrar que esses números não são do governo JK, mas do DNEF / IBGE, apurados e publicados em anos posteriores, passando inclusive pelo crivo de 21 anos de governos militares, que buscaram intensivamente descobrir quaisquer falhas.
Entre as bitolas, é interessante observar a redução total de -230 km.
A redução de -93 km de bitolinha em 1956 não cabe no aumento de apenas +58 km de bitola métrica, enquanto a rede de bitola larga também diminuiu (-8 km). O mesmo quanto a 1959, quando todas as bitolas sofreram redução. Seriam, portanto, indicativos de erradicação, não de alargamento.
Antes e depois de JK
Salta à vista a redução de -113 km [ou -98 km, conforme outra série do IBGE] na extensão quilométrica total das ferrovias brasileiras no ano de 1955. Foi a primeira redução, nas séries históricas do IBGE, com a única exceção de 1939, que apresentou redução residual de -3 km.
Vale notar que, em 1955, o governo do vice-presidente Café Filho (presidente desde a morte de Vargas) era formado, principalmente, de adversários de Vargas e de JK. A eleição de JK ocorreu em 3 Out. desse ano e tomou posse em 31 Jan. do ano seguinte. Portanto, a extensão quilométrica do final de 1955 é o número base para a comparação.
Em 31 Jan. 1961, JK transferiu a faixa presidencial ao novo presidente Jânio Quadros, seu adversário desde a eleição de 1955. A comparação, portanto, deve ser feita com os números do final de 1960.
Jânio Quadros renunciou após 7 meses, em Ago. 1961; e João Goulart assumiu somente em Set. 1961, com poderes reduzidos. Ao final de 1961, a extensão quilométrica das ferrovias brasileiras registraria uma dramática redução de -739 km.
In Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro. CPDOC-FGV
Ficha bibliográfica
Foi fichado apenas o trecho onde avalia os resultados do Plano de Metas de JK, sem qualquer pretensão de reproduzir ou resumir o verbete.
As omissões são indicadas (...).
Para a leitura completa e consulta às fontes das informações do autor, nada substitui o texto original do verbete — acessível na íntegra, conforme indicado na Ficha bibliográfica.
Ver também
LAFER, C. . JK e o programa de metas (1956-1961) - Processo de planejamento e sistema político no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002. 256 p.