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Relatório Cruls, 1894
Largo do Chafariz, em Goiás Velho
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Largo do Chafariz, na cidade de Goiás, fotografado por Henrique Morize, da Comissão Exploradora do Planalto Central — a primeira “Missão Cruls”.
“O fundo do quadro é formado pelos contrafortes da serra Dourada, cujos contornos muito se assemelham aos da colina de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Entre os cumes distinguem-se o de Cantagalo, notável por sua forma pontiaguda, e o de Santa Bárbara onde se construiu uma capela sob a invocação da santa do mesmo nome, e da qual tem-se admirável, ponto de vista sobre a cidade. Esta é cortada em duas partes desiguais pelo Rio Vermelho que tira o nome e a cor da argila que arrasta após as enxurradas. Suas margens são cobertas de casas pitorescamente dispostas, e entremeadas de grupos de coqueiros cujo verde brilhante atira uma nota alegre no meio das cores sombrias dos velhos telhados.
A margem esquerda possui um cais estreito, mas bem calçado, que vai até o Mercado e no qual apoiam-se duas pontes de madeira bem construídas.
Na margem direita existem diversos edifícios públicos de importância: os dois hospitais, civil e militar, a Relação, hoje Tribunal Supremo, o Tesouro do Estado, o Convento dos Beneditinos, etc., etc., e muitas igrejas. Todas estas construções são antigas e em geral mal conservadas, mas algumas têm aspecto pitoresco e são dignas de atenção por serem testemunhas do tempo colonial. Na margem esquerda encontra-se mais o Palácio da Presidência, velho casebre com pretensiosa fachada, que hoje está quase abandonado, e no qual esteve Saint-Hilaire por ocasião de sua viagem em 1819 Existiam igualmente no seu tempo o Quartel, a Cadeia e um chafariz de arquitetura genuinamente portuguesa, que ainda hoje orna o largo principal da cidade e dá-lhe o nome popular.
A Sé ou Catedral que existia do tempo de Saint-Hilaire foi demolida e em seu lugar ergueram os alicerces de enorme templo. Sobreveio a República e com a supressão do orçamento do culto católico os esforços dos fiéis não foram suficientes para continuar a construção; hoje jazem neste montão de pedras, mais de cem contos de reis que poderiam ter sido melhor aproveitados.
As ruas da cidade, ainda que geralmente estreitas, são sofrivelmente limpas e margeadas de cada lado por calçadas formadas de lages irregulares. Por entre muitas delas cresce verdejante grama que, assim como nos largos públicos, não encontra obstáculos a seu desenvolvimento no pisar descansado do raro e pacato viandante que deambula, de uma para outra casa à cata da indispensável palestra.
A superfície coberta pela cidade é grande e o aspecto de seu conjunto agrada à vista”…
Henrique Morize – Chefe da turma SE
in Miguel Freire. Olhar é Narrar para Henrique Morize: o Fotógrafo de Cruls. XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Natal (RN), 2 a 6 Set. 2008
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1551-1.pdf
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