Flavio R. CavalcantiFundamental para ampliar a capacidade de transporte foi a rápida dieselização do parque de tração, que vinha acelerar o tráfego e reduzir os custos: Graças ao apoio que tem recebido, pôde a Mogiana aumentar sobremaneira a sua capacidade de transporte, realizando-o com ponderável economia. Com efeito, o transporte de mercadorias com a diesel-elétrica está sendo feito com um custo aproximadamente igual a 1/8 do custo de transporte feito pelas locomotivas a vapor, das quais a Mogiana ainda possui algumas em serviço. Os estudos feitos mostraram que o custo do combustível para o transporte de 1.000 toneladas-quilômetro, com locomotiva a lenha, foi de Cr$ 198,00 enquanto que com a diesel-elétrica o custo atingiu a apenas Cr$ 44,00. Quanto ao rendimento, o combustível diesel contido num único vagão-tanque é bastante para transportar mercadorias que, se transportadas com locomotiva a lenha, requereriam 101 vagões dessa mesma lenha. Com a entrada em tráfego das primeiras 30 locomotivas diesel-elétricas, pôde a Mogiana diminuir em 40 minutos o tempo do transporte entre Campinas e Ribeirão Preto, cujo percurso é de 300 quilômetros. As mercadorias, por sua vez, transportadas de Araguari, no extremo da linha tronco da Mogiana, a Campinas, passaram a requerer de 4 a 5 dias, em média, enquanto que com as locomotivas a vapor raramente se conseguiu fazê-lo em menos de 10 dias. [Trechos do Relatório da Mogiana ref. 1959, cf. Estradas de Ferro do Brasil, Revista Ferroviária, 1960] Embora ainda não fosse corrente a preocupação com o desmatamento do País — em grande parte estimulado pela queima de lenha —, seus efeitos eram percebidos na crescente dificuldade de obtenção de madeira, inclusive para dormentes: À vista do constante encarecimento dos dormentes e da dificuldade de obtê-los de boa qualidade, vem a Mogiana, desde há alguns anos, estudando a aplicação de dormentes de eucaliptos. Os resultados até agora obtidos têm sido animadores, a ponto de se prever que dentro em breve será essa madeira a mais empregada na dormentação daquela ferrovia. [Trechos do Relatório da Mogiana ref. 1959, cf. Estradas de Ferro do Brasil, Revista Ferroviária, 1960] Até então, a Mogiana dispunha de 12 locomotivas Cooper-Bessemer, adquiridas em 1952 (governo Vargas), e (?) algumas centenas de vagões de fabricação recente. Com o início do governo JK, foram encomendadas mais 30 locomotivas GM G12 de 1.425 HP, carros de passageiros, e centenas de vagões metálicos a serem produzidos pela indústria nacional, também envolvida no Plano de Metas: No mesmo ano [1956], a Mogiana deu início ao reaparelhamento do seu material rodante, com a aquisição de 200 vagões metálicos e 30 locomotivas diesel-elétricas de 1.425 HP, das quais cinco compradas nos Estados Unidos e 25 no Canadá, e conseguiu adquirir, de fábricas nacionais, mais de 460 vagões metálicos. [Trechos do Relatório da Mogiana ref. 1959, cf. Estradas de Ferro do Brasil, Revista Ferroviária, 1960] As novas diesel-elétricas substituíram, de imediato, 55 locomotivas a vapor mais antigas: Com o reforço de tração foi-lhe possível parar definitivamente 55 velhas locomotivas a vapor, retirando-as do tráfego. (...) Ao encerrar-se o ano passado, seu parque estava quantitativamente constituído pelas seguintes unidades: [Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Estradas de Ferro do Brasil, Revista Ferroviária, 1960]
Também foram reaparelhadas oficinas e parque de máquinas operatrizes; substituídos os sistemas de engate e de freio — dentro da política nacional de padronização para desimpedir o tráfego mútuo entre as ferrovias —; adquiridos carros de aço inox e litorinas; e encomendadas mais 20 (afinal, seriam adquiridas 23) locomotivas GM GL8, de 950 HP, que substituiriam o restante das locos a vapor nos ramais de menor capacidade: Graças a uma quota de dólares US$ 5.320.000,00 que a Mogiana obteve de um empréstimo concedido pelo Eximbank à Rede Ferroviária Federal, a Mogiana vai adquirir mais vinte locomotivas diesel-elétricas; freios Westinghouse para a maioria de seus vagões; equipamento para suas oficinas, composto de máquinas operatrizes das mais modernas. Além disso, está terminando, em suas oficinas, a construção de uma primeira composição de carros que deverão entrar em serviço este ano. Pretende adquirir mais quatro ou cinco composições, inclusive carros-leitos, sendo alguns deles motorizados, com motores diesel. [Trechos do Relatório da Mogiana ref. 1959, cf. Estradas de Ferro do Brasil, Revista Ferroviária, 1960] A dificuldade que se apresenta a esse intercâmbio de tráfego [EFS, RMV, EFCB, EFL] é a desuniformidade de engates e freios. Possui a Central engates automáticos e freios a ar comprimido, ao passo que as outras linhas usam, ora engates automáticos e freios a vácuo, ora engates de elo e pino e freios a váculo ou, ainda, engates de elo pino e freios manuais. (...) Os pequenos vagões de madeira estão sendo vendidos ou demolidos, sendo intenção substituir todos os vagões de madeira, só empregando veículos inteiramente de aço ou com estrado de aço. Os carros de passageiros são muito antigos, não oferecendo conforto nem segurança. Só há 39 veículos com estrado de aço, sendo os demais de madeira. Há carros com até 60 anos. Os mais novos têm 30 anos. Está em execução intenso programa de substituição dos antigos engates de elo e pino pelo tipo central automático. Também está em andamento o estudo da substituição do atual freio a vácuo por freio de ar comprimido. [A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro está efetuando um grande plano para modernizar os seus serviços. Revista Ferroviária, Out. 1960] Eliminadas totalmente as locomotivas a vapor na linha tronco, entre Campinas e Ribeirão Preto, é objetivo da Mogiana tornar 100% diesel toda a tração até Uberaba, Guaxupé e Poços de Caldas, quando estiverem em serviço as novas unidades. [Locomotivas diesel elétricas para a Mogiana. Revista Ferroviária, 1957 ** pág. HTML de Out. 1960] Acabam de entrar em serviço na Mogiana 23 locomotivas GM modelo GL8, tipo B-B, de 950 HP, 62 ton. Tendo apenas 15,5 ton por eixo, essas locomotivas substituirão a tração a vapor, com enorme vantagem, nos ramais e linhas subsidiárias ainda não remodeladas. [Mais 23 locomotivas GM para a Mogiana. Revista Ferroviária, 1960] |
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Brasília e a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro
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