Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, 1944
Resumo e dados gerais
Revista Ferroviária
suplemento Estradas de Ferro do Brasil, 1945
p. 203 / DSC08843
CMEF (Mogiana)
[mesmas palavras e frases (inteiras!) de RF-EFsB-1960,
exceto que aqui sequer cita as leis (concessões) originais,
mas já começa louvando os mogienses. Também
entra direto na “conclusão” da “linha de Catalão”
sem mais nem menos (seguindo imediatamente
um ponto-e-vírgula da incorporação da Cia.
Rio Pardo); e só
depois chega a Uberaba e Uberlândia... Pode ser uma falha
tipográfica (truncamento do texto), que foi sendo copiada
e reproduzida ano após ano]
(...)
[1887 ?] (...): construiu-se
a linha de Catalão que ficou concluída em 1889; os
trilhos alcançaram Uberaba e em 1893, rumando para o rio
das Velhas [rio Araguari],
atingiram a antiga localidade Pedro de Uberabinha, hoje denominada
Uberlândia.
(...)
Assim, dando cumprimento aos contratos firmados com o governo federal
e com os governos estaduais de São Paulo e Minas Gerais,
a Companhia manteve sempre um serviço relativamente bom,
apesar de várias crises que teve de vencer no decurso de
1914 e 1930. — Os períodos mais difíceis que atravessou
foram os das depressões econômicas da região,
coincidentes, aliás, com o surgimento das rodovias competindo
na exploração dos transportes, principalmente locais.
Tais crises, contudo, foram dominadas e, refeita, a Companhia Mogiana,
nos últimos quatro anos, reorganizou-se financeiramente,
iniciando a execução de um grande programa de melhoramentos
e reconstrução que já está demonstrando
as incontestáveis vantagens que dele esperavam seus autores.
Dados econômicos e financeiros
(...) conseguiu manter uma exploração industrial
satisfatória, enquadrada nas possibilidades financeiras obtidas
com a movimentação das mercadorias e passageiros que
procuravam transporte.
Os balanços anuais encerravam-se com saldos que permitiam
remuneração do capital empregado. A evolução,
porém, e o surto da região fizeram-na sentir a necessidade
de profundas modificações de ordem técnica
e econômica, capazes de atender a maior tráfego solicitado.
Em 1940, depois de examinadas as possibilidades materiais da empresa,
em seus variados setores (...) deliberou uma Assembléia Geral
de acionistas aprovar um grande plano de reorganização.
Promoveram-se entendimentos correspondentes e a Mogiana obteve um
empréstimo de Cr$ 120.000.000,00 com o apoio financeiro do
Banco do Brasil; liquidaram-se e nacionalizaram-se as dívidas
externas que ainda absorviam juros relativamente elevados, consolidaram-se
contas pendentes e foi iniciado um grande programa de melhoramentos
materiais.
Aumentando seu capital, a Companhia lucrou extraordinariamente
e os efeitos começaram a se fazer sentir, manifestando-se
na própria vida financeira: de um saldo de Cr$ 14.335.371,60
verificado no exercício de 1936, alcançou em 1944
o maior saldo apurado até então, no montante de Cr$
33.992.607,70 [se o grande
programa de melhoramentos (dos “últimos quatro anos”) foi
decidido em 1940, por que buscar dados de 1936 para essa comparação?].
Obras, melhoramentos, tráfego atual
Consolidada a situação financeira, pela liquidação
da dívida externa, a Mogiana adotou medidas tendentes a reaparelhar-se
(...) condições não só de atender às
exigências do atual escoamento das exportações
e importações da zona, como também de contribuir
para o seu desenvolvimento.
Convidou, então, em 1942 quatro engenheiros especializados
para integrarem uma comissão de estudos, incumbindo-os de
traçar o programa da remodelação. Isso ocorreu
em 1942, e em 1943 essa comissão apresentou um relatório,
concluindo por um plano de obras e aquisições a ser
executado em 15 anos e orçado então em cerca de 300
milhões de cruzeiros e sugerindo a reforma administrativa
da estrada, com o que visava melhor eficiência para os serviços.
Estudado, revisto e atualizado o programa, foi o mesmo aprovado
por uma Assembléia Geral de acionistas, sendo autorizado
igualmente um aumento de capital; resolveu ainda a Companhia pô-lo
em execução, por etapas, a partir do ano de 1945,
tal como está sucedendo.
O programa cogita, para a 1ª etapa de 8 anos (1945-1952),
grandes melhoramentos de tração, aquisição
de 435 quilômetros de trilhos, 15 locomotivas, 40 carros de
passageiros, 300 vagões de carga, telefones seletivos e estafes
elétricos; construção de edifícios para
estações e armazéns, lastreamento das linhas,
reforma de oficinas e vagões e intensificação
do reflorestamento.
Dentro dessa orientação, já foram adquiridos
no estrangeiro 600 quilômetros de trilhos de 39,8 quilos por
metro, 150 vagões fechados de 36 toneladas de lotação
e 12 locomotivas do tipo então denominado “Mikado” e hoje
chamadas “MacArthur”, com esforço de tração
de 15.500 quilogramas cada uma; truques, rodeiros e molas para a
reforma de 50 vagões; telefones seletivos para o trecho de
Campinas a Ribeirão Preto e estafes elétricos.
(...) foi criada uma Comissão de Obras Novas (...). A revisão
dos traçados será tratada no conjunto de todas as
linhas e sua execução será feita preferencialmente
nos trechos de maior tráfego e de condições
técnicas mais precárias. Já foi iniciada a
revisão do trecho de Casa Branca a Ribeirão Preto
[abrangido pelo trecho maior de 1956-1961].
Passaram para a Comissão de Obras Novas os trabalhos [aparentemente,
iniciados antes] das variantes de Amoroso Costa a Tiê
(Triângulo Mineiro, zona de Uberaba [tronco
velho]) e Guanabara a Rizza (no tronco, saída
de Campinas), anteriormente estudados.
Os recursos financeiros necessários à execução
dessa 1ª etapa serão fornecidos pela elevação
de capital já realizada e pelos fundos de “Renovação”
e de “Melhoramentos” criados pelo governo federal em todas as nossas
estradas com a arrecadação de taxas de 10% sobre as
tarifas em vigor. Esses recursos produzirão na Mogiana, até
1952, mais de 270 milhões de cruzeiros, estando assim perfeitamente
assegurada a execução do programa elaborado.
Junto à diretoria, em São Paulo, foi criado um Departamento
de Estudos Econômicos, tendo por principais atribuições
a elaboração de estatística e de pesquisas
econômicas relativas à estrada e às regiões
que lhe são tributárias e o fomento das atividades
agrícolas, pecuárias e industriais das zonas por ela
servidas.
(...)
Com referência às obras que estão sendo executadas
para melhoria do traçado de vários trechos de linha,
já se sabe que a primeira variante de Campinas a Guedes,
em mais de dois terços concluída e consolidada e dependente
apenas do trecho Jaguari-Guedes, será inaugurada com
duas pontes sobre os rios Jaguari e o Camandocaia. Outras variantes
estão sendo atacadas, bem como está sendo intensificada
a substituição dos trilhos atuais, de 32 quilos p/metro
corrente por outros de 39,8 quilos no trecho de Campinas a Ribeirão
Preto. Essa reforma é provisória, devendo de futuro
esses mesmos trilhos ser reaproveitados no leito definitivo.
Concluída essa linha, a exploração do tráfego
será grandemente beneficiada, bastando citar que uma locomotiva
do tipo “Mikado”, hoje “MacArthur”, com capacidade de tração
limitada ao máximo de 300 toneladas nas serras de Tambu,
Cravinhos, quando forem concluídos os trabalhos de retificação
e substituídas as curvas de 120 por outras de 600 metros
e bem assim as rampas de 0,03 por outras de 0,005, rebocará
cerca de 1.400 toneladas, o que corresponde a quadruplicar a capacidade
de tração nesse trecho.
Outras providências estão completando a execução
desse programa. Foram adquiridas 12 Mikado mais 300 vagões
de carga, inteiramente de aço, e 600 quilômetros de
trilhos de 39,8 quilos [de
novo essa forma de medir: dará para 600 ou para 300 km de
“via”?].
Para oferecer uma noção do que isso representa, diremos
que os vagões da Mogiana são de 22 toneladas de lotação,
em média, enquanto os novos são de 36, equivalendo
a 500 dos atuais.
(...) nas linhas troncos o volume de mercadorias e passageiros
(...) representa mais de 80% da arrecadação total.
Ainda é o café o produto de maior transporte e em
1944 (...) Cr$ 71.106.477,80 para um total de Cr$ 122.305.142,60.
A Mogiana está reconstruindo suas estações,
armazéns, depósitos e casas para o pessoal.
(...)
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