A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro
está efetuando
um grande plano para modernizar os seus serviços
Revista Ferroviária, Out. 1960
Pesquisa: Chris R.
Construção de carros — Aquisição de
vagões e locomotivas — Compra de locomotivas diesel — Variantes
— Revisão de traçado — Remodelação da
via permanente — Reforço de lastro — Maior número
de dormentes — Soldagem de trilhos
(...)
O controle da estrada passou, afinal, para o governo do Estado
de São Paulo pela Lei nº 1.598, de 6/6/1952, que autorizou
a aquisição de pelo menos dois terços das ações
da via-férrea.
(...)
Descrição — a linha
A linha que parte de Campinas e se dirige para o norte, passando
por Casa Branca, Ribeirão Preto, Uberaba, Uberlândia,
e termina em Araguari, cobrindo uma distância de 717 quilômetros,
é considerado o tronco da estrada, visto nela desenvolver-se
a maior parte do seu tráfego.
Entre o Km 0, em Campinas, e Km 187 *[logo
após Casa Branca], em geral, as taxas de rampa são
inferiores a 2% e, com poucas exceções, as curvas
têm mais de 200 metros de raio, chegando até a 1.145
metros. As rampas mais fortes são relativamente curtas. Entre
o Km 187 e o Km 313, em Ribeirão Preto, porém,
há rampas de 2,4% com curvas de 120 metros de raio.
Realizou a Companhia vários estudos e obras de revisão
de traçado, sendo que o trecho entre Lagoa Branca, no Km
155 *[Cocais?], e o Km
182,5, foi completado. Entre Coronel Correa e Tambaú
estão sendo terminados 17,5 outros quilômetros.
No trecho entre Uberaba e Araguari, em 179,8 quilômetros
de distância, as rampas não excedem de 1,5% e as curvas
têm raios longos, exceto no trecho entre os Kms 747 e 775
*[Jiló a Angá],
onde se encontram rampas de mais de 3%, com o máximo de 4,2%,
e curvas de 100 metros de raio ou menos. É nessa região
que a linha desce nos dois sentidos para atravessar o rio das Velhas
[rio Araguari].
A construção das linhas que constituem o seu atual
sistema, vale observar, ocorreu em época em que não
eram grandes as necessidades de transporte das zonas atravessadas.
A linha foi lançada com um mínimo de movimento de
terras, do que resultaram curvas e rampas que hoje criam uma situação
anti-econômica para os serviços da Estrada, limitando
a velocidade que não era fator de maior significação
na época.
Estradas ligadas à Mogiana
(...)
A dificuldade que se apresenta a esse intercâmbio de tráfego
[EFS, RMV, EFCB, EFL] é
a desuniformidade de engates e freios. Possui a Central engates
automáticos e freios a ar comprimido, ao passo que as outras
linhas usam, ora engates automáticos e freios a váculo,
ora engates de elo e pino e freios a vácuo ou, ainda, engates
de elo pino e freios manuais.
(...)
A Estrada de Ferro Goiás, com 478 km de linhas, liga-se
à Mogiana em Araguari, Minas Gerais, e continua para o norte
e para leste no Estado de Goiás. O território por
onde passa a Goiás é principalmente agrícola
e, provavelmente, a zona de mais rápido crescimento naquela
parte do Brasil.
(...)
Equipamentos
A Mogiana possui, atualmente, 42 locomotivas diesel elétricas
[12 Cooper-Bessemer adquiridas em
1952 e 30 G12 adquiridas em 1957; ao ser publicado esse artigo provavelmente
já estariam adquiridas as 23 locos GL8, sendo provável
que aqui se trate de transcrição de relatório
da CMEF, anterior a Out. 1960] e 180 locomotivas a vapor
[no Relatório eram 172],
280 carros de passageiros e 3.032 vagões.
Está [a] estrada empenhada
em substituir suas locomotivas a vapor por locomotivas diesel elétricas,
para o que já adquiriu, de 1952 para cá, 42 locomotivas
diesel elétricas.
Os pequenos vagões de madeira estão sendo vendidos
ou demolidos, sendo intenção substituir todos os vagões
de madeira, só empregando veículos inteiramente de
aço ou com estrado de aço.
Os carros de passageiros são muito antigos, não oferecendo
conforto nem segurança. Só há 39 veículos
com estrado de aço, sendo os demais de madeira. Há
carros com até 60 anos. Os mais novos têm 30 anos.
Está em execução intenso programa de substituição
dos antigos engates de elo e pino pelo tipo central automático.
Também está em andamento o estudo da substituição
do atual freio a vácuo por freio de ar comprimido.
(...)
Um plano de ação
Novos planos foram delineados, novos estudos examinados, medidas
urgentes postas em execução e um reerguimento geral
se iniciou em todos os setores da Mogiana.
O que foi realizado, em curto prazo, transformou já o panorama
da Estrada, vindo a Mogiana modernizada e reaparelhada ao encontro
das demandas da sua extensa área de influência, onde
uma população progressista de cerca de 3 milhões
se espalha por São Paulo, Minas Gerais e Goiás, promovendo
atividades, levando riqueza e carreando progresso.
Eis em linhas gerais o que de mais importante já foi realizado
ou está em execução dentro do amplo programa
de reerguimento da Estrada:
1) Aquisição de 30 locomotivas diesel
elétricas de fabricação GM G12, de 1.425 HP
2) Aquisição de 23 locomotivas diesel
elétricas GM GL8, de 950 HP
3) Construção, em suas oficinas,
de 16 modernos carros de passageiros, dos quais 7 já estão
em tráfego
4) Construção, já ultimada,
da variante da Lagoa Branca a Tambaú, na extensão
de 48 quilômetros *[eram 56
km], com rampa máxima de 0,5% e raio mínimo
de 573 metros
5) Construção, em andamento, da variante
de Bento Quirino a Ribeirão Preto, na extensão
de 50 quilômetros *[eram +/-53
km] de rampa máxima de 0,6% e raio mínimo de
625 metros
7) Construção, em estudo, da variante
de Ômega a Araguari, na extensão de 60 quilômetros
*[eram +/-55 km], com rampa
máxima de 1,5% e raio mínimo de 382 metros
8) De 1956 a meados de 1960, foram substituídos
trilhos em 730 quilômetros de linha
9) De 1957 para cá, estão em plena
execução [o]
reforço e revisão de lastro de pedra britada e o aumento
de número de dormentes para 1.667 unidades por quilômetro
10) Instalação de 4 equipamentos
completos para britagem de pedras, cuja produção nos
7 primeiros meses de 1960 atingiu a 112.000 m³
11) Instalação, em Ribeirão
Preto, de equipamento completo de soldagem de trilhos, onde serão
preparadas barras de 120 a 140 metros de comprimento
|